segunda-feira, 16 de março de 2009

A proporção de um poema.



Hoje recebi um poema de Fernando Pessoa que me induziu a algumas reflexões. Na realidade, não foram apenas as palavras, mas, um misto de acontecimentos passados e recentes que acabaram sendo reproduzidos de algum modo.
Lembrei-me também do filme Cidade dos Anjos, não por conta do poema de Pessoa, mas por um e-mail que recebi (desses do tipo “auto-ajuda”) em que estava contida a imagem dos protagonistas. Entretanto, foi inevitável associar a mensagem do filme ao poema.
A verdade é que por mais que doa, por mais que a gente evite, no fundo, temos a certeza de que cada escolha significa uma renúncia. Isso é fato. Não há possibilidade de se ter tudo que se quer sempre. A gente pode, no máximo, conciliar por algum tempo, mas, ao final, tudo pode se dissolver. Isso serve para o mal e para o bem.
Pensando na essência de Cidade dos Anjos volto àquela clássica frase do personagem de Nicolas Cage (embora não me lembre exatamente das palavras), mas que traduzia a sensação maravilhosa do "viver sem arrependimentos". E por mais que seja difícil de digerir, talvez por conta dos nossos ideais românticos e visão imediatista dos fatos, temos de admitir o quanto ela é fantástica.
Quando a personagem de Meg Ryan morre, e um amigo do personagem de Nicolas Cage (que também era anjo) pergunta para ele se havia feito sentido a sua abnegação, mesmo agora que ele ficou sozinho (pois ela faleceu) e ele diz que sim e que não se arrependia de ter trocado tudo porque pôde estar (mesmo que por pouco tempo) com ela, eu pensei em como acontecimentos, ainda que aparentemente efêmeros, podem tomar uma proporção imensa em nossas vidas.
Na época em que o filme passou no cinema eu tinha apenas 17 anos. Lembro-me que tinha ido com um namoradinho, cheia de expectativas e planos. Tenho de admitir que, minha visão estreita de mundo não me proporcionou a reflexão necessária acerca da história. Pensava apenas no quanto tinha sido triste a morte da mocinha. Talvez seja por isso também que eu não entendi, na ocasião, o porquê do paquerinha ter me dado um fora algum tempo depois. Não que eu esteja anos-luz à frente daquela menina imatura de 17, mas, depois de muitos anos, e com base em tudo que pude agregar ao longo desse meu caminho, pude compreender o real sentido daquela passagem. E penso com delicadeza também, no poema que recebi.

Um comentário:

  1. Acho que não vi esse filme... mas só sei que opost me lembrou do "Em Algum Lugar do Passado"... o qual me dá vontade de chorar toda vez que assisto... hehehe
    :~)

    E, sim, cada escolha implica numa renúncia. Renunciar do que foi "não-escolhido".
    :-)

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