terça-feira, 27 de janeiro de 2009
“Ó Pai ó”, “Minha Autarquia” e outras...
Ontem, ao pegar um ônibus de volta para casa, sentei-me em uma das primeiras cadeiras, e não pude deixar de ouvir uma conversa entre o motorista do ônibus em que eu estava e o do ônibus que parou ao lado. Ainda estávamos perto do ponto e, por causa do engarrafamento, eles ficaram a “bater papo” por um tempo. Inicialmente não prestei tanta atenção, estava preocupada com algumas coisas, mas fui despertada repentinamente quando ouvi a expressão em voz bem alta: “Você é minha autarquia!”
Por ter noções básicas de Direito Administrativo (são bem básicas mesmo), conheço o conceito de autarquia e, talvez, por essa razão, o fato tenha, definitivamente, me deixado intrigada. Então, eu fiquei a me perguntar, durante boa parte do percurso, como a palavra autarquia poderia ser utilizada numa tentativa de demonstrar afeto entre as pessoas. Sim, porque eu até pensei inicialmente que se tratasse de uma discussão, mas, como estavam sorrindo, percebi que ser a autarquia de alguém era, de fato, um elogio. Para ser mais específica, eu fiquei tentando estabelecer um vínculo, qualquer que fosse (menos o laboral, pois não era o caso), que pudesse unir as pessoas jurídicas de direito público criadas por lei específica que dispõem de patrimônio próprio e realizam atividades típicas de Estado de forma descentralizada a um ser humano.
O mais engraçado dessa história é que fui remetida a um diálogo que tive com alguns amigos sábado passado sobre o filme “Ó Pai ó”. Eu dizia que a obra era bastante caricata e que a impressão que tinha era a de que estava assistindo a uma peça de teatro filmada. O pessoal rebateu, disse que o filme retrata fielmente a realidade do soteropolitano, principalmente daqueles que residem em determinados bairros da cidade. Um amigo até me sugeriu que fosse ao Pelourinho e ficasse parada a observar a movimentação por 15 minutos que eu teria a certeza de que era aquilo mesmo, exatamente igual.
Pois bem, eu me rendi, mas não precisei ir ao Pelourinho. Acho que a conversa entre os dois motoristas, embora não tenha durado 15 minutos, foi suficiente para me fazer perceber que o filme Ó Pai ó revelou na íntegra tudo aquilo que intencionalmente queria evidenciar.
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O POVO baiano é encantador e fantástico, é de uma generosidade, de um bom humor, de uma afetuosidade únicas e a forma como ele adapta a mais bela flor do lácio é divertíssima ehehe
ResponderExcluirAmo essa terra com toda força da alma!
Eu acho que o filme reflete uma boa parcela da cidade,da população mas que contribui se nao for devidamente tratada para vender uma imagem errada de Salvador que aqui é so Pelourinho,Abaeté,Mercado Modelo e Elevador Lacerda.Como Engenheiro,luto para ressaltar que Salvador é uma cidade moderna em boa parte tambem e eu espero nunca mais testemunhar uma cena no Shopping Barra quando uma gaúcha ao telefone falava com uma amiga"guria,menina,aqui tem predio,tem shopping..." confesso que tive vontade de mandar ela...rodar na cidade!Bjsss
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