sábado, 11 de abril de 2009

Ensaio para a vida...


Sexta-feira Santa geralmente é um dia reflexivo para mim. Tive formação católica, mas não me limito apenas a não comer carne.
Antes de dormir, principalmente, fiquei a pensar em algumas coisas. Coisas de meu passado, coisas que fazem parte de um tempo que não voltará nunca mais.
Estava tentando me sentir um pouco mais feliz. Por isso direcionei minha mentalização as melhores partes de minha vida.
Fui bem longe... De repente me vi com meus primos na casa de minha avó, seja no playground, ou dentro do apartamento. Estávamos brincando de “Neno”. Não me perguntem que diabo significa “Neno”, mas significava muito para a gente na época. Também me vi na rampa de skate construída por um vizinho mais velho e que foi, sem dúvidas, muito mais explorada por meu primo mais chegado e eu, em meio aos nossos devaneios de criança, que a relacionávamos a tudo, menos a sua real função de rampa de skate.
Voltei ao São João de 1989, tinha oito anos. Naquele mesmo ano também passamos um período marcante na fazenda. Andávamos a cavalo, tomávamos banho de rio...
Andava de bicicleta pela rua praticamente deserta onde meu tio morava. Sentia a liberdade de perto enquanto o vento assanhava meus cabelos. Também sentia essa liberdade quando a gente brincava de “rodar”. Rodávamos até cairmos tontos no chão, entreolhávamo-nos e riamos antes que terminasse uma sensação que para nós era gostosa. Por incrível que possa parecer isso era muito divertido!
Brincávamos também de brincadeiras “normais” como picula, esconde-esconde, polícia e ladrão.
Como naquela época era a única prima em meio aos meninos, tinha de me adaptar. E foram muitas as vezes que vesti na Tila do He-Man ou na Shitara do ThunderCats as roupinhas de minhas próprias bonecas. Mas também brincava de Barbie com minhas vizinhas. Lembro-me que sempre trocava minha cozinha Bankuka pelo escritório da Barbie de uma delas. Devia ser meu inconsciente me preparando desde aquela época para o fato de que eu não seria prendada.
Pensei nas idas aos aniversários dos filhos das amigas de uma jovem tia que se casou tarde. Ela costumava me levar para passear, íamos também ao cinema e teatro. Geralmente só nós duas, numa cumplicidade ímpar.
Às vezes íamos ao sítio no Jacuipe. Era um clima muito bom, descontração, outras crianças, e um balanço na árvore. Lá também tinha um rio, mas o que mais me interessava era uma piscina (dessas de armar) que mal me cabia e que vivia furando e deixando a água escapar. Essa parte era uma merda, mas a lembrança num geral é boa.
Pensei em minha cachorrinha, que me acompanhou durante quase 15 anos morrendo poucos dias antes de minha festa de formatura...
Voltei ás reuniões de equipe com os colegas em prol dos trabalhos da escola. Eram maquetes, insetários, peças de teatro... E em meio a cartolinas e todo tipo de material, o que restou foi a bagunça que fazíamos. Uma vez vomitei na mochila de um amigo. Outro dia a gente tava dando risada dessa história.
A adolescência também teve registros intensos. Acabei me vendo com uma grande amiga em sua casa ouvindo musica e fazendo os testes da revista Capricho. Cantávamos alto tentando acompanhar a letra, mesmo quando a musica era em inglês, o que é pior. Fazíamos do quarto de sua irmã mais velha uma verdadeira sede da nossa anarquia, porque lá era mais interessante para nós. Falávamos dos primeiros paqueras, das primeiras experiências. Nossos ídolos eram rapazes mais velhos que hoje são quarentões casados e barrigudos. Alguns ficaram carecas também.
Testávamos maquiagem, fazíamos verdadeiras insanidades com nossos cabelos, e tudo isso escondido de nossas mães!
Falávamos mal das meninas populares da escola, dançávamos coreografias malucas inventadas por nós e que jamais atravessariam aquelas paredes, pregávamos peças em nós mesmas, caíamos do chão de tanto rir. E o melhor de tudo: estudar, que é bom, nada...
Os Shows no Bahiano de Tênis e no Espanhol... As idas aos shoppings apenas para entrar nas lojas, experimentar uma porção de roupas que sabíamos que não iríamos levar, e depois comer na MC Donalds. Os ensaios na Sitorne, os ensaios para os festivais do ballet... Será que tudo foi um ensaio para a vida?

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