sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

"São tempos difíceis para os sonhadores."


Pintor: "Ela prefere imaginar uma relação com alguém ausente do que criar laços com aqueles que estão presentes."
Amelie: "Hummm, pelo contrário. Talvez faça de tudo para arrumar a vida dos outros."
Pintor: "E ela? E as suas desordens? Quem vai pôr em ordem?"


Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

2012!!!


Uma das coisas mais legais de se ter um blog é justamente a possibilidade de poder voltar às postagens antigas e compará-las com o que exporíamos hoje. É como se pudéssemos olhar para nós mesmos, de longe, e acompanharmos a nossa evolução com graça e segurança.

Agora mesmo, pouco antes de começar a depositar no meio virtual as expectativas para 2012, reli o que havia escrito em 2009, com todos os meus desejos para 2010. Para quem não se lembra, segue o link:

http://finebiscuit.blogspot.com/2009/12/que-venha-2010.html

Às vezes, fico a me perguntar se é bom mantermo-nos fiéis a tudo aquilo que desejamos ou, permitirmo-nos mudar de sonhos. Está bem, eu já conheço a resposta...

De qualquer modo, hoje não quero pedir; só agradecer.

domingo, 20 de novembro de 2011

Ingratidão


Se existe uma coisa nessa vida que efetivamente me incomoda é a ingratidão. Ultimamente tenho visto muitas cenas que refletem exatamente isso. Não necessariamente ligadas a mim, mas que, nem por isso, tornam-me menos indignada.

Algumas frases para reflexão:

“Ingratidão é uma forma de fraqueza. Jamais conheci homem de valor que fosse ingrato.” Johann Goethe

“A ingratidão é filha da soberba.” Miguel Cervantes

“Solidão?
sim, com gelo e limão.
Ingratidão?
não, obrigado.”
Torquato Neto

*Foto encontrada na Internet.

O bode.


Certa vez dois amigos se encontraram. Um deles, bastante queixoso, relatou ao ouro todo sofrimento pelo qual estava passando, por conta da esposa, filhos e, principalmente, da convivência com a sogra, que passara a residir com eles.
Após ouvir atento, o amigo disse que havia uma solução. Sugeriu-lhe que levasse um bode para passar um período em casa, com a justificativa de que a sua família ingrata sofreria o suficiente para aprender a lhe dar o devido valor...
E assim foi feito. Pouco tempo depois lá estava o animal estranho dentro de casa, convivendo com os seus, para o desgosto geral.
Evidentemente, muitas brigas ocorreram. E brigas feias, não apenas as pequenas desavenças de antes.
Os amigos se reencontravam, e as queixas só aumentavam: o bode fede, e minha mulher e sogra já tropeçaram nele várias vezes. As crianças parecem se divertir puxando o seu rabo e, por vingança, tenho certeza, ele quebra os objetos. Nem eu agüento mais...
Calma, meu caro. Você vai ver que, com o tempo, tudo vai melhorar... Faz parte da solução de todos os seus problemas! Aguarde e confie!
Foi assim, por muitos meses até que, para alívio comum, seu amigo foi buscar o bode.
Algum período depois, houve novo encontro.
Como vão as coisas? Sua esposa, filhos e, sobretudo, sua sogra, ainda são motivo de chateação?
Ah... Que nada! Depois da saída do bode, tudo se transformou! Agora é uma maravilha!


Ouvi essa história quando era criança. Um professor me contou como se fosse uma piada.
Entretanto, é bom refletir sobre a mensagem que ela nos passa. Como as pessoas não costumam dar valor ao que tem, até que as coisas piorem significativamente e, com elas, venha também a sabedoria.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Diário de uma Paixão


Diário de uma Paixão não é um filme para ser assistido em um momento de descrença aguda da humanidade. Aliás, pensando melhor, talvez até sirva para abrandar os corações de quem parece ter perdido, mesmo que momentaneamente, a fé no amor.
Eu sei que mergulhar nesses romances me afasta do real, e me deixa ainda mais vulnerável a todo tipo de canalha, que vive de dar “pequenos golpes” nos corações de gente idealista como eu. Porém, não consigo não vibrar com essas histórias e, a cada cena, não perder a esperança de que em algum momento de minha vida sentirei algo semelhante também.

Sinopse:

Numa clínica geriátrica, Duke, um dos internos que relativamente está bem, lê para uma interna (com um quadro mais grave) a história de Allie Hamilton (Rachel McAdams) e Noah Calhoun (Ryan Gosling), dois jovens enamorados que em 1940 se conheceram num parque de diversões. Eles foram separados pelos pais dela, que nunca aprovaram o namoro, pois Noah era um trabalhador braçal e oriundo de uma família sem recursos financeiros. Para evitar qualquer aproximação, os pais de Alie a mandam para longe. Por um ano Noah escreveu para Allie todos os dias mas não obteve resposta, pois a mãe (Joan Allen) dela interceptava as cartas de Noah para a filha. Crendo que Allie não estava mais interessada nele, Noah escreveu uma carta de despedida e tentou se conformar. Alie esperava notícias de Noah, mas após 7 anos desistiu de esperar ao conhecer um charmoso oficial, Lon Hammond Jr. (James Marsden), que serviu na 2ª Grande Guerra (assim como Noah) e pertencia a uma família muito rica. Ele pede a mão de Allie, que aceita, mas o destino a faria se reencontrar com Noah. Como seu amor por ele ainda existia e era recíproco, ela precisa escolher entre o noivo e seu primeiro amor.

domingo, 18 de setembro de 2011

Conto.

Esse conto foi escrito por uma pessoa que, até então, desperta minha admiração.

Por Fabrício Dourado.

Ernesto era um rapaz tímido. Todos atribuíam essa sua principal característica ao fato dele sempre ter sido feio. Agora aos 26 anos de idade continuava com a aparência de anos atrás: muito magro, quase esquálido, media pouco mais de 1,60 de... altura, tinha os olhos estranhamente separados, que eram ainda mais destacados pelas grossas lentes do seu óculos e tinha grandes orelhas de abano que te davam a impressão de uma pessoa tola. Apesar de sempre andar bem vestido demonstrava uma certa falta de cuidado com a aparência, como se tivesse se rendido a sua natural feiúra.
Mas Ernesto não era tímido por isso. Filho único, nascera desacredito pelos médicos em virtude da avançada idade dos seus pais. Ainda com poucos anos de vida perderá o pai em função de uma grave pneumonia e fora criado pela sua mãe viúva, uma senhora extremamente controladora, ciumenta e possessiva. Criara o filho como um excesso de cuidados e zelo tão grande, ainda que censurada pelos que a cercavam, que o fez seu grande dependente e o tornou assim uma pessoa tímida. Não tolerava os desejos masculinos do filho e condenava com veemência todo tipo de libido natural a idade. “Isso é sujo”, berrava aos quatro cantos enquanto batia com força na porta do banheiro todas as vezes que ele demorava um pouco mais do que o normal.
E por conta disso Ernesto nunca tivera uma namorada. Na única vez que começou a se relacionar com uma mulher ainda na adolescência, uma colega de sala de aula, foi pego pela senhora sua mãe na rua, apenas aos beijos e fora repreendido de tal forma que correra para casa envergonhado pela situação e sob os gritos que o chamavam de libertino. No seu inconsciente culpava sua mãe pela vida ordinária que levava e desejava sua morte todos os dias quando chegava em casa do trabalho e tinha de lhe dar uma série de satisfações sobre como fora o seu dia.
Foram apenas dois dias entre o adoecimento de sua mãe e a constatação do seu falecimento. Ela fora acometida de uma forte gripe e como insistia em não ir a um hospital, teve na sua cama o leito de morte. Apenas alguns parentes mais distantes foram a cerimônia fúnebre. O enterro foi no final da tarde e Ernesto ainda que o último a sair não derramou nenhuma lágrima. Assim que chegou em casa trocou o velho paletó por uma roupa mais confortável e foi para um barzinho conhecido pela fama de ser um dos mais agitados da cidade. Tudo era novo e agora sentado em uma das cadeiras do balcão do bar se sentia um peixe fora da água e já se preparava para ir embora quando foi tocado por uma mão feminina: “Você já vai embora?”, “Sim...”, “Desculpe ser inconveniente, mas não poderia deixar você ir sem saber ao menos o seu nome.”, “Eu me chamo Ernesto.”, “Muito prazer Ernesto, meu nome é Bruna. Será que antes de ir embora poderia me pagar uma bebida e me fazer um pouco de companhia?”.
Era difícil acreditar que aquela mulher tivesse te abordado e agora estivesse em sua companhia. Ela era um espetáculo de mulher: loira de cabelos lisos e compridos ate a cintura, aproximadamente 1,70 de altura, magra de pele bem branquinha, tinha os olhos castanhos e vivos, uma boca que se destacava pelos lábios bem definidos e o sorriso perfeito e contagiante. Disse ter apenas 19 anos e realmente não aparentava ter mais do que isso, e que tinha se apaixonado pelo jeito tímido e reservado de Ernesto desde que o vira entrar sozinho naquele bar a poucos minutos atrás. Conversaram por algum tempo sobre futilidades ate que de Bruna partiu o convite de saírem daquele lugar e irem para um local mais reservado. Ela dividia apartamento com mais uma amiga, que estava viajando a trabalho, e não ficava muito distante dali.
Nunca sentira tanto desejo e prazer e se perdia nos beijos suaves e doces daquela linda mulher. Tudo nela era perfeito: a pele, o cheiro, o toque... E ao pé daquela cama estranha, enquanto de forma desengonçada tirava sua roupa, percebia pela primeira vez na vida toda a beleza dos contornos e formas de um corpo feminino. Sua mãe agora era apenas uma vaga lembrança e se deixava conduzir pelas mãos habilidosas de Bruna que apertavam o seu corpo nu, enquanto lhe mordia as orelhas e sussurrava palavras de desejo. Urrava de prazer enquanto sentia o sabor do sexo e com o coração disparado e pernas trêmulas disse “Eu te amo!”, explodindo em gozo e sensações que nem H. Miller conseguiria descrever no seu melhor livro.
Sentou-se a beira da cama depois de pegar um cigarro na cômoda para Bruna e tinha seus pensamentos longe dali quando teve o silêncio interrompido. “Foi a sua primeira vez?”, “Sim.”, “Difícil acreditar que ainda existam homens como você. Se eu não tivesse presenciado iria achar que era uma fantasia. Mas me diz, você gostou?”, “Sim, muito.”, “Então você bem que poderia me dar um presentinho maior pela satisfação garantida.”, “Do que você esta falando?”, “Sobre dinheiro é claro. Eu normalmente cobro R$300,00, mas no seu caso...”, “Espere! Você é uma prostituta?”, “Você achou o que? Que eu te trouxe aqui de graça? Em que mundo você vive?”. Tomado por uma fúria repentina saltou sobre Bruna e a pegou pelo pescoço com os dois braços, imobilizando-a com o seu corpo. Naquele momento assumiu uma forma brutal e que em nada lembrava aquele homem fraco e gentil. Ela tentava se desvencilhar em vão e aos poucos suas energias iam se esvaindo. Ernesto ainda apertando o seu pescoço voltava ao seu tom normal enquanto a via desfalecer com um ultimo suspiro. Não a matara por vergonha de ter sido enganado e sim por não aceitar dividir aquela mulher nunca mais com outro homem. “Eu te amo!”.