sexta-feira, 21 de maio de 2010

A médica, o celular, a confiança e a inconveniência.


Hoje minha mãe sentiu-se mal, pela manhã, mas como o tempo foi passando e ela não tinha previsão de alta, achei por bem comer alguma coisa. Fui até a cantina do hospital (onde a havia levado na emergência) e presenciei uma cena bastante intrigante.
Na verdade, isso é o que existe de mais previsível, mas, às vezes, sinto que muita gente se esquece.
Uma médica fazia caras e bocas, expressando tremenda irritação, enquanto ouvia alguém pelo celular. Após alguns minutos ela disse algo que eu não consegui entender direito e desligou a chamada. Em seguida, pude acompanhar sua conversa com uma moça que estava sentada à sua mesa. O diálogo foi mais ou menos assim:
- Incrível como as pessoas te ligam e sequer perguntam se você pode falar... A criatura ligou e foi falando, falando, falando... E eu tive de aproveitar a primeira brecha para inventar uma desculpa e desligar. Ninguém merece!
- E quem era?
- Ah... Era uma problemática aí que me liga direto. E o pior é que eu nem tenho como ajudar a resolver o caso dela, e eu já dei a entender isso, mas ela não se toca! Qualquer hora dessas eu vou ter que dizer que sou médica e não psicóloga!
Pouco tempo depois eu terminei de almoçar e resolvi me levantar. Daqui a pouco poderiam pensar que eu havia ficado apenas para escutar a conversa... Fui embora, mas a lição ficou. Melhor dizendo, as lições ficaram.