quarta-feira, 29 de abril de 2009

Otimismo!


Three Little Birds
Bob Marley

Composição: Bob Marley


Don't worry about a thing,
'Cause every little thing
Gonna be all right

Saying , don't worry about a thing
'Cause every little thing
Gonna be all right

Rise up this morning
Smile with the rising sun
Three little birds
It's by my doorstep
Singing sweet songs
Of melodies pure and true
Sayin',"This is my message to you"

Saying don't worry about a thing
'Cause every little thing
Gonna be all right

Saying don't worry about a thing
'Cause every little thing
Gonna be all right

Rise up this morning
Smile with the rising sun
Three little birds
It's by my doorstep
Singing sweet songs
Of melodies pure and true
Sayin', "This is my message to you"

Singing don't worry about a thing,
Worry about a thing,
Every little thing gonna be all right
Don't worry!
Singing don't worry about a thing"
I won't worry!
'Cause every little thing
Gonna be all right

Singing don't worry about a thing,
'Cause every little thing
Gonna be all right
I won't worry!
Singing don't worry about a thing,
'Cause every little thing
Gonna be all right
Singing don't worry about a thing,
'Cause every little thing
Gonna be all right!

sábado, 25 de abril de 2009

Acabou!


“Ou você da um basta ou fica presa ao limbo”

Ouvi essa frase hoje. Ouvi várias do tipo, mas essa foi a que causou maior impacto.
Tudo só depende de nós mesmos. Tornarmo-nos reféns de nossas próprias fantasias inclusive. Libertarmo-nos do cativeiro que acometemos a nós mesmos também.
E a partir de hoje eu determino que sou livre de tudo aquilo que eu mesma criei.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Nesse momento!


Eu sempre gostei de Legião Urbana. Desde a época da adolescência admirava as letras, gostava de refletir sobre elas, entretanto, acho que nunca consegui me identificar plenamente com uma musica. No máximo com parte delas.
Estava na cozinha com meu pai, almoçando, e ele com seu inseparável radinho que geralmente me incomoda. Começou a tocar “Quase sem querer” só que cantada por Zélia Duncan. O ritmo ficou mais lentinho, deu para prestar bastante atenção na letra. Parece que, pela primeira vez, eu consegui perceber como uma letra tem a ver com o momento pelo qual eu estou passando. É como se eu estivesse literalmente “dentro da musica”.
Para provar, colocarei observações ao lado das estrofes.

Quase Sem Querer
Legião Urbana
Composição: Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Renato Rocha

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranqüilo
E tão contente... (Pois sei que foi melhor assim, tomamos a decisão mais correta, pelo menos nesse momento)

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém (Pois é, eu cansei de ouvir os comentários de meus amigos dizendo o contrário do que eu sentia, o oposto da mensagem que seu olhar me passava)

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar (Você não vive me dizendo que eu me “melindro” por tudo? É , eu sou sensível mesmo, sempre esperando uma solução vinda de seu lado, jogando a responsabilidade para você)
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira (É, eu não gosto de mentir para mim mesma, por isso, nunca tive medo de me expor)

Mas não sou mais
Tão criança, oh! oh!
A ponto de saber tudo... (Chega de pretensão! Eu também não sei de nada, não entendo!)

Já não me preocupo
Se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê (Todos os meus amigos continuam dizendo o contrário)

E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo
O mesmo que você... (Eu penso que sim, posso estar enganada, posso quebrar a cara, mas eu sinto que não foi e não está sendo em vão)

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos (O tempo vai nos dar ainda muitas respostas...)
Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas? (Você vive dizendo que eu falo demais, e nossas DRs intermináveis...)

Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto... (Na verdade eu soube desde o princípio. E não precisou você chorar)

Já não me preocupo
Se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê

E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu quero
O mesmo que você...

Oh! Oh! Oh! Oh!...

Tudo passa, tudo passará...


Metal Contra as Nuvens (Trecho)
Legião Urbana

Composição: Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Marcelo Bonfá


E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.

Tentei dizer ... Mas vi você


Catedral
Zélia Duncan

Composição: Tanita Tikaran; versão: Zélia Duncan


O deserto que atravessei
Ninguém me viu passar
Estranha e só
Nem pude ver que o céu é maior

Tentei dizer
Mas vi você
Tão longe de chegar
Mais perto de algum lugar

É deserto onde eu te encontrei
Você me viu passar
Correndo só
Nem pude ver que o tempo é maior

Olhei pra mim
Me vi assim
Tão perto de chegar
Onde você não está

No silêncio uma catedral
Um templo em mim
Onde eu possa ser imortal
Mas vai existir
Eu sei, vai ter que existir
Vai resistir nosso lugar

Solidão, quem pode evitar?
Te encontro enfim
Meu coração é secular
Sonha e desagua dentro de mim
Amanhã, devagar
Me diz como voltar

Se eu disser que foi por amor
Não vou mentir pra mim
Se eu disser deixa pra depois
Não foi sempre assim

Tentei dizer
Mas vi você
Tão longe de chegar
Mais perto de algum lugar

Eu acredito no que diz o olhar.


"Quem não compreende um olhar,
tampouco compreenderá uma longa explicação"

Mário Quintana

Nunca esquecerei...


Eu nunca esquecerei de uma cena que presenciei há muitos anos. Estávamos voltando para casa, uma amiga, um ex-namoradinho e eu. Na realidade, embora nunca tivéssemos tido nada sério, eu gostava dele, não estávamos mais juntos, mas eu tinha esperança de que pudéssemos reatar, pois ele sempre me chamava para sair, parecia que tinha uma forte necessidade de que eu estivesse com ele. Não por gostar de mim, mas talvez apenas para observar minhas reações espontâneas de menina ingênua a fim de que isso massageasse seu ego.
Pois bem. O fato é que, naquela época, e até me envergonho disso, os critérios que motivavam minha atração por alguém eram bastante efêmeros, como estética, condição sócio-cultural (no mínimo, parecida com a minha), etc. Eu não conseguia enxergar o que verdadeiramente importa. Apenas isso pode justificar meu afeto por um pobre de espírito como ele. Lindo, alto, já fazia faculdade, carro do pai na mão, à vontade... Mas, ainda assim, Deus é tão bom que sempre acaba por me fazer entender que, quem não sofre, não aprende a reconhecer o melhor.
Um taxi quase bateu em seu carro. Foi uma fechada feia. Eu já havia percebido que seu temperamento era forte, por isso não me surpreendi com sua fúria. Entretanto, a forma como essa irritabilidade foi refletida deixou claro que por trás daquele gesto não se escondia meramente a raiva momentânea ou o stress. Ele não se limitou a usar algum palavrão usual como “filho da puta” ou “viado”.
Aquele taxista que, provavelmente, não tinha nascido do ventre de uma prostituta, muito menos era homossexual, não sairia tão ofendido como quando o ouviu gritar: “Saia seu preto, e leve seu ganha-pão daqui!”
O humilde trabalhador foi embora, acho que ficou sem ação. As palavras “ganha-pão” e “preto” ficaram na minha mente se repetindo sem parar por um bom tempo.
A partir daquele dia, nós nunca mais nos vimos, exceto uma vez, em um carnaval, quando, ao entrar em um prédio com uns amigos para bater papo e descansar, eu o avistei. O arrogante filhinho de papai estava sozinho em um canto. Não achei que estivesse bêbado. Mas algo me disse que ele não estava bem. Olhei fixamente para ele. Não fiz menção de falar, pois não sabia como me receberia após eu ter me afastado dele anos antes. Ele também nada fez. E cada um seguiu seu destino.
O que teria acontecido caso eu tivesse investido em ajudá-lo? Talvez eu não estivesse pronta para isso. Quem sabe ele também não quisesse minha colaboração. Nunca saberei.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ele não está tão a fim de você!


Ontem fomos assistir ao filme em questão. Nada tão imprevisível, mas com certeza garantiu um bom momento de descontração e, o principal, uma reflexão bastante salutar a respeito do tema.
Porque a maioria de nós sempre prefere arranjar desculpas a enxergar a porra da verdade que se resume a entender que ele não está a fim???
Através das risadas eu ia assimilando as mensagens, os ensinamentos, e o que é pior, ia me sentindo cada vez mais ridícula por me identificar com praticamente todas as cenas. Que lástima... Só não foi pior porque senti que minha amiga dividia o peso da identificação toda vez que me olhava a cada situação patética que nos remetia ao nosso passado ao lado de algum ex.
Eu indico!

sábado, 18 de abril de 2009

Dona Beija


Outro dia pensava sobre o que é ser “miseravona”, algo que nunca consegui aprender, mas que dizem ser a melhor opção.
Eis que o SBT começa a reprisar Dona Beija. A novela passou há quase vinte e cinco anos, eu era criança e, embora não a tivesse assistido, lembro dos comentários sobre a trama.
Maitê Proença tão jovem e bela, com aquelas tranças, mais parecia Rapunzel em sua torre. Mas de donzela inocente sua personagem não tinha nada...
Assisti alguns capítulos, mas, como passa muito tarde, acho que não conseguirei acompanhar. De qualquer modo, pude refletir sobre a essência de seu comportamento e o que poderia ter feito dela senhora de tantos amores...
Ela foi, sem dúvidas, uma grande jogadora. Para ser “miseravona”, é preciso saber jogar. Mas penso também como pode a felicidade fazer parte de um jogo. Como se pode fazer da vida, um tabuleiro de xadrez.


Tema de Dona Beija (com Viva Voz)
Wagner Tiso



Beija-flor, beija menina
Quem a fez, assim tão divina
Quem a fez tão bela e tão fera
Chuva e sol de primavera
Senhora de tantos amores
A dona de Araxá

Por ela sonha os homens
Quem a beija, beijará
Senhora também das dores
Do povo de Araxá
Por ela sofrem os homens
Quem a Beija, vai desprezar

Beija-flor, beija menina
Quem a fez, assim tão divina
Quem a fez tão bela e tão fera
Chuva e sol de primavera
Senhora de tantos amores
A dona de Araxá

Por ela sonham os homens
Quem a beija, beijará
Senhora também das dores
Do povo de Araxá
Por ela sofrem os homens
Quem a Beija, vai desprezar

Que mistério, basta um olhar
Ela vai nos enfeitiçando
Todo homens tem orgulho
E se entrega ao seu domínio
Que poder terá
Essa tal mulher
Com seu doce e mortal veneno
Ela ama, ela odeia
Mas eu não sei se é feliz

Por ela sonha os homens
Quem a beija, beijará
Senhora também das dores
do povo de Araxá
Por ela sofrem os homens
Quem a Beija, vai desprezar

Cuidado com os pavões!


Raramente comento os blogs das outras pessoas, hoje, até um pouco mais do que antes. Talvez por isso minha surpresa, ao ler um comentário, feito por mim (ainda sobre as postagens antigas do blog desse meu amigo que mencionei no meu texto anterior).
Isso fez com que eu, em meio a boas risadas, refletisse novamente sobre o tema.
Ele havia comentado sobre os momentos difíceis que atravessamos, e sobre os sinais que pedimos a Deus que nos mande. Ele enxergou borboletas. E olha que se considera lerdo! Eu, então, só pavões!



[Mirovisky]
Cuidado com o que deseja, Débora. Por mais ridículos que sejam nossos pedidos, vai que alguém está disposto a atendê-los!!! :) kkkkkk por isso, cuidado com os pavões.

18/03/2006 19:55

[Débora]
Estou precisando mesmo de uns sinais em minha vida! Bastante oportuna essa sua colocação (devido à situação que me encontro). Mas acho que no meu caso tem que ser algo maior que borboletas... Sei lá. Tipo um “pavão” talvez...rsrsrsrssss...

18/03/2006 17:44

Responsabilidade...


Hoje estava lendo postagens antigas do blog de um amigo. Li um texto (com data de 06 de Março de 2006) que falava sobre aquela clássica frase contida no livro O Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
O fato é que recentemente pronunciei essa frase, porém, naquele momento, eu só conseguia me enxergar na posição de quem havia sido cativada. E meio que “cobrava” a responsabilidade de quem ganhou meu coração.
Todavia, por ele ter sido tão grato por eu ter voltado para o seu céu, percebi que eu também respondo por ter me tornado uma estrela e passado a fazer parte de sua constelação de familiares e amigos.
Eu sou responsável por minha rosa.
Aos que não lembram, segue abaixo, o capítulo do livro que contém a frase citada.


"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? Perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... Eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...
- Oh! Não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.

Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.

O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... Cativa-me! Disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? Perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! Disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... Repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... Repetiu o principezinho, a fim de se lembrar."


(Capítulo XXI, O pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)

Como a cabra que sou.


Aos Filhos de Capricórnio
Oswaldo Montenegro

Composição: Oswaldo Montenegro


Madrepérola de cor
a teimosia tá no ar
signo da terra, da percussão
a dúvida não tem lugar
signo de capricórnio, ser
ser como se fosse escalar
a montanha negra do dia a dia
não saberia sonhar
signo da segurança total
signo da persistência, e afinal
na versão mais infinita do ser
capricórnio inda precisa aprender
que da estranha forma do caracol
foi que se inventou a clave de sol
simbolismo do prazer
tudo mágica ser

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Pitada de Trovadorismo


Quantas Sabedes Amar Amigo



Quantas sabedes amar amigo

treides comig’a lo mar de Vigo

e banhar-nos-emos nas ondas!



Quantas sabedes amar amado

treides comig’a lo mar levado

e banhar-nos-emos nas ondas!





Treides comig’a lo mar de Vigo

e veeremo’lo meu amigo

e banhar-nos-emos nas ondas!



Treides comig’a lo mar levado

e veeremo’lo meu amado

e banhar-nos-emos nas ondas!






Martim Codax


Vocabulário: treides: vinde levado:encapelado

*Martim Codax: Viveu entre a segunda metade do século XIII e começos do século XIV. As suas cantigas de amigo estão consideradas as mais importantes da lírica trovadoresca galaico-portuguesa.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Coincidência?


Ainda estou meio para baixo devido aos últimos acontecimentos, principalmente o falecimento de Maria.
A correria hoje foi intensa, tive de levar minha avó para fazer um exame, e a três médicos diferentes. Por conta disso, acabei almoçando na rua mesmo, em um restaurante aqui perto de casa.
Estava realmente cheio, mas, mesmo meio distraída, percebi a presença de um rapaz bastante parecido com um ex-colega de trabalho. Não sei se por estar um pouco carente esses dias, mas o fato é que me veio a mente a imagem de outros colegas que conviveram comigo nessa mesma época, em especial, uma menina com a qual eu até tentei manter contato, mas sem êxito. Lembrei que nunca mais a havia encontrado online no MSN. Pensei que ela tivesse me bloqueado. E pensei também no porquê de algumas relações não vingarem sem nenhuma explicação convincente. As “minhoquinhas” (como diria um amigo meu) voltaram a ocupar minha cabeça e dessa vez no coletivo mais expressivo possível. Fiquei em pé, com a bandeja na mão e, enquanto a fila praticamente não andava, devido aos lerdos que não sabiam o que queriam comer, fiquei imaginando o que ela poderia achar sobre mim. Metida, talvez? Chata, talvez? Qualquer coisa de ruim, talvez?
Bem, o fato é que a fila andou e eu comecei a me servir. Quando havia terminado de pesar meu prato, percebi que justamente ela estava a me olhar, com um sorriso de orelha a orelha, como quem estivesse esperando apenas que eu me virasse para me cumprimentar.
Eu não conseguia acreditar naquilo que estava acontecendo. Tinha acabado de pensar na criatura e, de repente, ela estava ali!
A verdade é que eu fiquei imensamente feliz por vê-la. Almoçamos juntas, conversamos muitas coisas interessantes sobre nosso antigo trabalho e novas perspectivas. Falamos sobre os nossos ex- companheiros de atividade (aquela coisa de: “e fulaninho, por onde anda?”). Porém, a parte mais salutar do diálogo ficou evidenciada quando ela me disse algo que me motivou bastante, e usou seu próprio exemplo para justificar. Aliás, o melhor de tudo foi perceber o quanto nossas inseguranças podem nos induzir a julgamentos precipitados acerca das pessoas e, conseqüentemente, a sofrermos por acreditarmos nisso, ou naquilo, indevidamente.
Recentemente tive algumas oportunidades de resgatar algo que há algum tempo estava adormecido em mim. Ultimamente tenho me observado mais, analisado melhor meus sonhos, tentado praticar meditação, enfim, prestado mais atenção em meu lado espiritual a fim de desenvolvê-lo. Não sei se existe alguma relação. E também não quero focar nisso porque, nesse momento, penso que não faz muita diferença embora, no fundo, eu acredite que não tenha sido em vão...

sábado, 11 de abril de 2009

Ensaio para a vida...


Sexta-feira Santa geralmente é um dia reflexivo para mim. Tive formação católica, mas não me limito apenas a não comer carne.
Antes de dormir, principalmente, fiquei a pensar em algumas coisas. Coisas de meu passado, coisas que fazem parte de um tempo que não voltará nunca mais.
Estava tentando me sentir um pouco mais feliz. Por isso direcionei minha mentalização as melhores partes de minha vida.
Fui bem longe... De repente me vi com meus primos na casa de minha avó, seja no playground, ou dentro do apartamento. Estávamos brincando de “Neno”. Não me perguntem que diabo significa “Neno”, mas significava muito para a gente na época. Também me vi na rampa de skate construída por um vizinho mais velho e que foi, sem dúvidas, muito mais explorada por meu primo mais chegado e eu, em meio aos nossos devaneios de criança, que a relacionávamos a tudo, menos a sua real função de rampa de skate.
Voltei ao São João de 1989, tinha oito anos. Naquele mesmo ano também passamos um período marcante na fazenda. Andávamos a cavalo, tomávamos banho de rio...
Andava de bicicleta pela rua praticamente deserta onde meu tio morava. Sentia a liberdade de perto enquanto o vento assanhava meus cabelos. Também sentia essa liberdade quando a gente brincava de “rodar”. Rodávamos até cairmos tontos no chão, entreolhávamo-nos e riamos antes que terminasse uma sensação que para nós era gostosa. Por incrível que possa parecer isso era muito divertido!
Brincávamos também de brincadeiras “normais” como picula, esconde-esconde, polícia e ladrão.
Como naquela época era a única prima em meio aos meninos, tinha de me adaptar. E foram muitas as vezes que vesti na Tila do He-Man ou na Shitara do ThunderCats as roupinhas de minhas próprias bonecas. Mas também brincava de Barbie com minhas vizinhas. Lembro-me que sempre trocava minha cozinha Bankuka pelo escritório da Barbie de uma delas. Devia ser meu inconsciente me preparando desde aquela época para o fato de que eu não seria prendada.
Pensei nas idas aos aniversários dos filhos das amigas de uma jovem tia que se casou tarde. Ela costumava me levar para passear, íamos também ao cinema e teatro. Geralmente só nós duas, numa cumplicidade ímpar.
Às vezes íamos ao sítio no Jacuipe. Era um clima muito bom, descontração, outras crianças, e um balanço na árvore. Lá também tinha um rio, mas o que mais me interessava era uma piscina (dessas de armar) que mal me cabia e que vivia furando e deixando a água escapar. Essa parte era uma merda, mas a lembrança num geral é boa.
Pensei em minha cachorrinha, que me acompanhou durante quase 15 anos morrendo poucos dias antes de minha festa de formatura...
Voltei ás reuniões de equipe com os colegas em prol dos trabalhos da escola. Eram maquetes, insetários, peças de teatro... E em meio a cartolinas e todo tipo de material, o que restou foi a bagunça que fazíamos. Uma vez vomitei na mochila de um amigo. Outro dia a gente tava dando risada dessa história.
A adolescência também teve registros intensos. Acabei me vendo com uma grande amiga em sua casa ouvindo musica e fazendo os testes da revista Capricho. Cantávamos alto tentando acompanhar a letra, mesmo quando a musica era em inglês, o que é pior. Fazíamos do quarto de sua irmã mais velha uma verdadeira sede da nossa anarquia, porque lá era mais interessante para nós. Falávamos dos primeiros paqueras, das primeiras experiências. Nossos ídolos eram rapazes mais velhos que hoje são quarentões casados e barrigudos. Alguns ficaram carecas também.
Testávamos maquiagem, fazíamos verdadeiras insanidades com nossos cabelos, e tudo isso escondido de nossas mães!
Falávamos mal das meninas populares da escola, dançávamos coreografias malucas inventadas por nós e que jamais atravessariam aquelas paredes, pregávamos peças em nós mesmas, caíamos do chão de tanto rir. E o melhor de tudo: estudar, que é bom, nada...
Os Shows no Bahiano de Tênis e no Espanhol... As idas aos shoppings apenas para entrar nas lojas, experimentar uma porção de roupas que sabíamos que não iríamos levar, e depois comer na MC Donalds. Os ensaios na Sitorne, os ensaios para os festivais do ballet... Será que tudo foi um ensaio para a vida?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Reais dimensões



Não foi a primeira vez que me disseram que eu tenho por tendência natural potencializar praticamente tudo que acontece em minha vida. Se tudo é elevado a proporções de forma exagerada, é natural que exista uma dificuldade para identificar a verdadeira relevância das circunstâncias.
Eu acredito nas pessoas puras de coração, no verdadeiro valor da amizade, nas boas intenções. Não que nunca tenha sofrido traições. Talvez por elas não terem gerado conseqüências profundamente negativas eu consiga praticamente ignorá-las. Porém, não consigo deixar de insistir na minha crença no ser humano. E volta e meia acabo por tomar atitudes inesperadas, diria até, equivocadas. Mas não que eu seja impulsiva. Penso que minha precipitação está muito mais relacionada à ingenuidade. E como se cura essa doença? Das vezes que tentei ser esperta não me saí muito bem... Isso é fato, acho que não levo jeito para a coisa. Maquiavel que me desculpe, mas sagacidade definitivamente não é meu forte.
Ontem, uma amiga que passou por uma situação bastante desagradável há algum tempo, e que tem se revelado tão descrente, questionou o que seria pior: a entrega plena que me vincula aos riscos, mas que alimenta meu coração de esperanças, ou a desconfiança, que embora não se afaste da perspicácia e a proteja, inflama ainda mais sua alma.
Sinceramente, não soube responder. Entretanto, refleti sobre a idéia de ser mais cautelosa. Só não sei se conseguirei me acostumar com esse novo jeito que tentarei colocar em prática acreditando ser para meu próprio bem.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Certa identificação...


A Fada Azul
Oswaldo Montenegro

Composição: Oswaldo Montenegro


Ela dança as fases da lua
tece vento e o ar rodopia
põe no colo os bichos das ruas
põe no chão quem quer correria
põe as mãos de alguém entre as suas
e é o nascer de um sol, mais um dia
Do aroma rosa da arte
ela extrai a cor da alegria
do lilás do olhar de quem parte
faz o azul de quem ficaria
do vermelho ardor do estandarte
o nascer de um sol, mais um dia
Tem a solidão do poeta
a paixão da chuva tardia
escultora da linha reta
que a luz percorre e esta via
salta do seu olho, é uma seta
o nascer do sol, mais um dia
São brilhos de estrelas na perna
e a noite que a estrela anuncia
a paixão é estranha caverna
quem tem medo e amor já sabia
uma noite nunca é eterna
é o nascer do sol, mais um dia
Ela pisa as ruas do tempo
já foi louca, princesa e Maria
faz de azul mais que cor, sentimento
mina d'água, azul, poesia
faz soar as rimas que invento
e é o nascer do sol, mais um dia